Aspectos agronômicos e socioeconômicos do cultivo da pimenta longa para produção de safrol no Acre, 2004

Abstract

A pimenta longa (Piper hispidinervium C.DC.) é uma das espécies encontradas em áreas de capoeira localizadas no Vale do Rio Acre. Sua principal implicação econômica é a possibilidade de produção de safrol, utilizado como matéria-prima pelas indústrias químicas para a síntese de dois derivados: heliotropina (usado como componente de fragrâncias nas indústrias de cosméticos e perfumaria) e butóxido de piperonila (usado como agente sinergístico junto com o piretrium). Nestes aspectos, a demanda por safrol está diretamente relacionada ao consumo de seus derivados. Como indicadores da demanda observa-se que as exportações mundiais de óleos essenciais, perfumes e fragrâncias cresceram à taxa média anual de 10,9% no período de 1986 a 1998. Por outro lado, a produção mundial de inseticidas do tipo piretrium cresce a uma taxa média de 3,5% ao ano. O interesse pelo cultivo da pimenta longa originou-se da crescente demanda de safrol natural nos mercados nacional e internacional, visto que os países fornecedores (China e Vietnã) correm sérios riscos de não mais poderem atender a médio e longo prazo essa demanda, devido ao sistema predatório utilizado no processo de extração. No Acre, os estudos com a pimenta longa foram desenvolvidos a partir de 1995 pela Embrapa e financiados pelo Department for International Development – Dfid/ Conselho Britânico – com envolvimento de pequenos produtores, resultando na recomendação de um sistema agroindustrial de produção de óleo essencial a partir do cultivo da pimenta longa. Este trabalho tem por finalidade avaliar o custo e a rentabilidade da produção de óleo essencial rico em safrol a partir do cultivo da pimenta longa, além de identificar os problemas que comprometem a expansão da atividade.