Abelhas e árvores urbanas: Diagnóstico da relação entre a arborização urbana e a diversidade de abelhas sem ferrão (Apidae: Meliponini) no campus da Universidade Federal de Viçosa-MG

Abstract

As árvores do meio urbano prestam um serviço fundamental para a preservação da biodiversidade nas cidades, possibilitando a ocorrência de diferentes extratos vegetais e a existência de nichos diferenciados para a fauna. Essa vegetação pode favorecer a manutenção de um componente importante da fauna urbana no Brasil: as abelhas nativas. A presença de recursos tróficos (alimentares), como néctar e pólen, bem como a disponibilidade de locais para nidificação, como galhos e ocos de árvores são fatores que influenciam diretamente na dinâmica e abundância de espécies de abelhas sem ferrão em uma determinada área. Assim, este trabalho objetivou avaliar a significância da arborização como instrumento de conservação da biodiversidade de abelhas silvestres sem ferrão na área urbanizada do campus-sede da Universidade Federal de Viçosa, verificando a riqueza, abundância e diversidade de meliponíneos na área e a sua relação com os substratos arbóreos. O substrato arbóreo foi o mais utilizado para a nidificação pelos Meliponini, representando 60% do total. As árvores mais utilizadas foram Delonix regia (Bojer ex Rook.) Raf.(Flamboyant), Spathodea campanulata P. Beauv. (Espatódea) e Caesalpinia peltophoroides Benth. (Sibipiruna). Foram localizados 109 ninhos de abelhas sem ferrão, a riqueza foi de 11 espécies, distribuídas em nove gêneros. A espécie de abelha mais frequente no geral foi a Tetragonisca angustula (26% do total), considerando apenas o substrato arbóreo, a abelha mais frequente foi a Partamona helleri (21%). Não houve registro de espécie de abelha sem-ferrão nidificando exclusivamente em substratos artificiais, no entanto, há espécies que apresentaram ocorrência apenas em substrato arbóreo. Sendo as florestas urbanas um recurso fundamental para a manutenção da população de abelhas sem ferrão, o seu planejamento e manejo adequado são essenciais para evitar possíveis conflitos com as estruturas urbanas. Esses conflitos podem implicar em supressão (corte) ou poda drástica, os quais podem diminuir a densidade e abundância de ninhos de meliponíneos no meio urbano. A atenção no planejamento da arborização pode ser um instrumento fundamental de suporte às políticas de conservação da fauna nas cidades, em especial das abelhas sem ferrão.